19/12/24
QUIPEAApoio ao 20 de novembro ? reflexões da Consciência Negra ? celebra cultura e resistência quilombola
Entre os dias 16 e 30 de novembro, 20 comunidades quilombolas fizeram suas reflexões sobre o Dia Nacional da Consciência Negra, com o apoio do projeto Quipea. Foram muitas rodas de conversa, danças, cantorias, artesanato e, claro, o melhor da culinária quilombola.
Em Campos dos Goytacazes (RJ), as comunidades de Aleluia, Batatal e Cambucá promoveram uma caminhada educacional pelo quilombo de Aleluia, a fim de valorizar a riqueza desses territórios e a agricultura familiar livre de agrotóxicos, que também foi tema de roda de conversa e de oficina sobre modos de plantio.
Em Quissamã, os moradores das comunidades do quilombo de Machadinha (Sítio Boa Vista, Sítio Santa Luzia, Bacurau, Mutum e Machadinha) participaram de uma roda de conversa sobre a luta por direitos e a importância de as mulheres quilombolas ocuparem os espaços de decisão. O e-book Educação Escolar Quilombola – perspectivas antirracistas e práticas emancipatórias foi lançado no evento, com a presença dos professores da UFF (Universidade Federal Fluminense) e da UFRJ (Universidade Federal do Rio de Janeiro) – Campus de Macaé. Além disso, houve a tradicional roda do Grupo de Jongo Tambores de Machadinha e foi servida a feijoada quilombola.
Caminhada no quilombo de Aleluia, em Campos dos Goytacazes (RJ)
Roda de conversa com as comunidades do quilombo de Machadinha, em Quissamã (RJ)
O Quilombo de Preto Forro (Cabo Frio – RJ) fez a celebração do 20 de novembro com dinâmicas entre os moradores, celebrando as histórias da comunidade por meio de apresentações e pinturas sobre os desejos para uma comunidade ainda melhor. Os produtos locais foram valorizados no café-da-manhã e no almoço tradicional. Participou dessa atividade a representante da Shell, Suely Ortega. Também no município de Cabo Frio, a comunidade de Maria Joaquina promoveu uma troca intergeracional, com a realização de roda de conversa sobre empreendedorismo e demandas territoriais, com a participação de representantes do Ministério Público do Trabalho e da organização não governamental (ONG) Justiça Global. O evento foi encerrado com apresentação cultural e almoço. Em Botafogo (Cabo Frio – RJ), uma mesa-redonda com lideranças da comunidade trouxe temas importantes, como a valorização das lutas para manutenção do território e das práticas quilombolas, como a agricultura local e a educação pensada a partir da história e do cotidiano da comunidade. A cultura negra foi celebrada com um desfile de valorização da beleza negra. Na comunidade de Maria Romana (Cabo Frio – RJ) aconteceu a palestra “O racismo de cada dia: diálogos sobre discriminação e falta de informação”, seguida de conversa sobre o sofrimento causado à população negra em razão do preconceito racial. O grupo Rainhas do Quilombo encerrou o evento.
Palestra do 20 de novembro em Botafogo, Cabo Frio (RJ)
Capoeira do Mestre Keke, na Rasa, Armação dos Búzios (RJ)
Café quilombola em Baía Formosa, Armação dos Búzios (RJ)
Em Armação dos Búzios (RJ), as comunidades do Quipea apresentaram suas contribuições valiosas ao mês da Consciência Negra. No quilombo da Rasa, os presentes ouviram falas sobre o racismo estrutural presente na sociedade brasileira, desde Zumbi até os dias atuais.. As apresentações da capoeira do Mestre Keke e do jongo de mulheres enfeitaram a festa, onde esteve presente o analista ambiental Anderson Vicente, do Ibama. Em Baía Formosa, a integração de toda a comunidade foi o ponto principal do evento, que teve como tema de palestra o racismo e suas consequências, e as questões de igualdade e gênero. Já na comunidade de Sobara, no município de Araruama (RJ), as atividades do 20 de novembro renderam a crianças e adultos a conscientização sobre a cultura e a autoidentificação quilombola, por meio de palestra e de atividade lúdica, encerrando com almoço tradicional.
Roda de conversa sobre valorização da identidade quilombola em Sobara, Araruama (RJ)
Em São Francisco de Itabapoana (RJ), as comunidades de Barrinha e Deserto Feliz trouxeram atividade de exaltação do orgulho de ser quilombola e da valorização da ancestralidade, respectivamente. A roda de jongo esteve presente nas duas comunidades, e em Deserto Feliz foi feita homenagem ao mestre jongueiro, “Seu” Cicinho.
As comunidades do Espírito Santo também fizeram grandes eventos de reflexão sobre este dia. Em Cacimbinha e Boa Esperança, em Presidente Kennedy (ES), uma palestra sobre educação antirracista abriu a festividade, seguida de jongo do Grupo Mãe África Pátria Amada Brasil e o grupo Capoeira do Quilombo. Já em Itapemirim (ES), na comunidade de Graúna, um churrasco abriu a celebração do 20 de novembro, que homenageou cerca de 50 griôs da comunidade. Em palestra sobre os saberes ancestrais, as memórias sobre ervas medicinais e plantio trouxeram emocionantes participações dos mais velhos.
Grupo Jonguinho de Deserto Feliz, São Francisco de Itabapoana (RJ)
Almoço em homenagem aos griôs de Graúna, Itapemirim (ES)
As atividades realizadas com apoio do projeto Quipea para reflexão sobre a importância da luta antirracista e valorização das potências da ancestralidade negra, simbolizada no dia 20 de novembro, é um rico momento de reflexão e integração das comunidades quilombolas.
Números do Dia Nacional da Consciência Negra no Quipea
As atividades de Reflexão do Dia da Consciência Negra foram realizadas em 14 das 15 associações quilombolas participantes do Projeto Quipea. Ao todo, houve em média uma participação de 350 pessoas nos eventos, entre elas 5 representantes do poder público. Em 11 comunidades foram realizadas atividades dialogadas, como roda de Conversa, palestras ou mesas-redondas.