06/05/24
OBSERVAÇÃOFórum 2024 do PEA Rede Observatório coloca educação ambiental crítica em foco
Evento promove troca de saberes e vivências entre as comunidades tradicionais afetadas pela cadeia produtiva de óleo e gás.
Apresentações da atividade pedagógica “Notícia em Rede” durante o Fórum 2024. Créditos: Acervo PEA Rede Observação
O Fórum Anual 2024 do PEA Rede Observação, ocorrido entre 22 a 24 de março, em Armação dos Búzios, contou com a presença dos 11 grupos prioritários atuantes no projeto. Foram apresentados os avanços e conquistas no acompanhamento pedagógico nas comunidades em busca de autonomia e fortalecimento dos grupos. Em três dias de apresentações e dinâmicas colaborativas, buscou-se debater as reivindicações políticas e sociais de cada território. Estavam presentes no evento os analistas ambientais do IBAMA, funcionários e a coordenadora de socioeconomia da PRIO, além da assessora jurídica das comunidades.
O intercâmbio entre os sujeitos prioritários proporciona o aprendizado sobre os direitos adquiridos a partir da organização social. As falas institucionais dos órgãos coordenadores do projeto enfatizaram o amadurecimento dos grupos e a luta constante por reconhecimento dos territórios. Aline Almeida, coordenadora de socioeconomia e gestora do projeto pela PRIO, comentou sobre os avanços do PEA: “A cada ano que passa os grupos estão discutindo com mais profundidade as suas questões e podendo se reconhecer uns nos outros também”. Segundo a coordenadora, as falas das apresentações sensibilizaram os presentes sobre a urgência da defesa dos patrimônios culturais dos territórios.
O eixo metodológico do Teatro do Oprimido (TO) apresentou as cenas construídas com as comunidades durante o ano de 2023. Os educadores destacaram a importância do Teatro do Oprimido como ferramenta de conscientização e fortalecimento coletivo. Foram apresentadas cenas que retratam os conflitos vivenciados dos municípios de São Francisco de Itabapoana, Cabo Frio, Rio das Ostras, Armação dos Búzios, Arraial do Cabo, Campos dos Goytacazes e Itapemirim. As cenas possibilitaram a análise crítica dos conflitos socioambientais, por meio da expressão artística, com temas que abordaram a carência social pela falta de políticas públicas em defesa das comunidades tradicionais, demandas por melhores condições de vida e trabalho, e demais impactos sofridos pelas comunidades.
Apresentação da peça dos quilombolas de Lagoa Fea, em Campos dos Goytacazes, elaborada a partir do eixo de Teatro do Oprimido. Registro: Acervo PEA Rede Observação.
Para além do teatro, houve o lançamento da coletânea de publicações intitulada “Mapa de Conflitos e Resistências”, elaborada pelo eixo metodológico de Formação e Pesquisa (FP) e que apresenta o perfil de cada município e comunidades trabalhadas pelo projeto, com seus desafios diários de luta e resistência. O material está disponível para acesso no acervo de documentos do site do PEA Rede Observação. Segundo Camila Souza, educadora ambiental do projeto, esses materiais têm papel fundamental na conscientização ambiental crítica dos grupos: “Essa construção foi um mergulho coletivo em cada território. Essa investigação resultou em um recorte cujo elemento principal foi o olhar dos grupos prioritários sobre o seu cotidiano e a relação com a indústria do petróleo nos conflitos enfrentados”. As educadoras do eixo também apresentaram os conflitos mapeados em processo participativo com os grupos através da plataforma Google Earth.
O projeto também utiliza as técnicas e tecnologias da comunicação de forma pedagógica e participativa por meio do eixo de Comunicação Popular (CP). Os educadores do eixo relembraram os processos colaborativos que culminaram na construção dos Boletins Informativos dos municípios, na realização de textos e reportagens e na elaboração da identidade visual de uma associação do grupo de Cabo Frio e de um coletivo do grupo de Rio das Ostras. Segundo Murilo Marques, educador ambiental do eixo, a comunicação popular une o grupo em um propósito comum: “Temos a missão de amplificar as vozes que pedem por maior reconhecimento e qualidade de vida”. Os conteúdos elaborados pelo eixo de CP são distribuídos em formas de materiais comunicativos.
O segundo dia de apresentações do Fórum contou com a atividade pedagógica “Notícia em Rede”, em que os sujeitos dos 11 municípios se dividiram em 6 grupos e discutiram sobre questões que identificaram ter em comum, como conflitos, demandas, conquistas. A discussão buscou o intercâmbio de saberes e aprendizados entre os sujeitos prioritários de identidades comuns, como mulheres da pesca, pescadores artesanais, agricultores familiares e quilombolas. Cada grupo produziu uma notícia a partir dos elementos debatidos em cada grupo. E cada notícia será publicada em breve nas redes do projeto.
Momento da dinâmica de encerramento do Fórum. Registro: Acervo PEA Rede Observação.
Todas as atividades dos três dias de evento contaram com as dinâmicas de descontração do poeta, ator e palhaço Rodrigo Lima, que ajudou na integração e acolhimento das pessoas nos debates, com base no respeito e reconhecimento de cada comunidade.
O Fórum Anual 2024 foi um evento de apresentação e celebração dos avanços dos grupos e do Rede Observação. Com metodologias da educação ambiental crítica, o projeto busca o fortalecimento e a autonomia dos grupos locais. A realização do PEA Rede Observação é uma medida de mitigação exigida pelo Licenciamento Ambiental Federal, conduzido pelo IBAMA.
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