QUIPEA
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29/05/24

QUIPEA

5º Intercâmbio Cultural do Quipea: resgate da ancestralidade quilombola e de memórias de luta e resistência


Atividade ‘Corredor do Cuidado’ no 5º Intercâmbio Cultural

 

Nos dias 20, 21 e 22 de abril, 75 pessoas, entre representantes das comunidades quilombolas, entre membros da Comissão Articuladora e comunitários, equipe executora do Quipea, representantes da Shell e do Ibama, participaram do 5º Intercâmbio Cultural do Quipea, no Quilombo Quingoma, em Lauro de Freitas, Bahia.
O Território Quilombola da Comunidade Remanescentes de Quingoma existe e resiste desde 1569, e é considerado um dos mais antigos quilombos do Brasil. Ele foi certificado pela Fundação Cultural Palmares em 2013 e reconhecido como Território Iorubá pelo rei da Nigéria, em 2023. O quilombo Quingoma é composto de 650 famílias, que vivem num território de 1225 hectares, segundo dados do IBGE de 2010.


O objetivo do Intercâmbio Cultural é aprofundar o diálogo e as trocas entre as 21 comunidades quilombolas do Quipea e outros quilombos de fora do projeto, por meio de experiências e rodas de conversa, fortalecendo os ideais de luta e resistência no enfrentamento aos impactos decorrentes da cadeia de petróleo e gás.

No dia 20 de abril, representantes do Quilombo Quingoma deram boas-vindas aos participantes, com apresentação do roteiro da visita nos dois dias seguintes.

No dia 21 de abril, os visitantes do Quipea, Shell e Ibama foram recebidos pela líder do Quingoma, Rejane Rodrigues, que preparou para os dois dias uma sequência de atividades pedagógicas ligadas ao afeto e à ancestralidade, além do reconhecimento do quilombo baiano por meio de mapas e caminhada pelo território. A recepção teve café da manhã quilombola e a atividade pedagógica Corredor do Cuidado, que teve o objetivo de fortalecer e resgatar o afeto negado historicamente ao povo negro, através da oferta de carinho e de palavras de incentivo e amizade por parte do corredor humano.

O dia 22 de abril teve início com café da manhã e a atividade de
Aromaterapia. A partir do contato com ervas aromáticas em uma bacia com água, cada visitante foi convidado a falar sobre suas memórias olfativas, que trouxeram relatos sobre ancestralidade e cura. Após esta atividade,Rejane Rodrigues mostrou a Cartografia Social do Quingoma, ressaltando a importância do registro e da autoria quilombola na transmissão da história oral de suas comunidades, uma vez que "quem fala de nós somos nós." Ela expôs a pressão que seu território tem sofrido por séculos com a especulação imobiliária, a má fé de contratos mal explicados entre interessados e moradores, acordos desvantajosos e impactos ambientais provocados por empreendimentos, como o Polo Petroquímico de Camaçari, vizinho à comunidade. Em caminhada pelo quilombo, os moradores do Quingoma mostraram alguns desses empreendimentos, como condomínios residenciais e fábricas.

 
Roda de aromaterapia no Quilombo Quingoma, Lauro de Freitas - BA
Na parte da tarde, houve uma roda de conversa sobre a importância do território quilombola enquanto local de existência e resistência da identidade quilombola, e gerou a possibilidade de unir vozes das comunidades do Quipea e o Quilombo Quingoma sobre luta comum de preservação e diminuição dos impactos ambientais causados por diversos empreendimentos e pela falta de acesso a políticas públicas.


Caminhada pelo Quilombo Quingoma

O segundo dia foi finalizado com Contação de histórias para incentivar a troca de saberes entre as comunidades, seguida de apresentação do tradicional Grupo de samba de roda raiz e nativo do Quilombo Quingoma. Após esta apresentação, foi possível celebrar a diversidade cultural quilombola, pois o jongo e a ciranda das comunidades visitantes do Quipea se juntaram a este encerramento.


Rejane Rodrigues, líder do Quilombo Quingoma, conduz o samba de roda nativo da comunidade

 


Samba de roda do Quilombo Quingoma

 

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